2
M
i
l
e
9
12.31.2009
12.24.2009
12.14.2009
e assim vai o mundo...
caíam os risos a cada passo dado
e só o rei - bem sei - como esperado
sofria da falta no palácio de espelho
e da memória partir, agora velho.
e o rei vai nu, gritou um desgraçado
tal como tu, (bom) povo espantado
a não querer ver o que bem via
sabendo que dizer o não podia.
e o rei olhou-os, todos num repente
e gritou, a moda ora é transparente
e a gente muda, sem querer crer
foi a casa despir-se, e voltou a correr.
12.07.2009
às vezes as coisa têm de ser ditas...
ZANGA DE COTOVELO
(no quarto do hotel, lá ao fundo
entra luz verde dum anúncio de porcelanas
e, de repente, meu coração, todo o meu mundo
começa a ouvir vozes e perceber coisas estranhas
noto umas vozes de surdina, rasteiras
e a seguir uns gritos lânguidos e profundos
cheios de palavras uivadas em modo d'asneiras
e um êxtase vivo, de poucos em poucos segundos)
Prestando atenção, vejo que o som do teu amor ficou
e agora enche o quarto em algazarra, este quarto onde vínhamos
quando éramos amantes (e até antes)
e que agora usaste, estupor
para fazer amor
com um qualquer finório
(penso que é o gajo do escritório)
12.01.2009
11.25.2009
valer a pena
E nunca perguntamos se valer a pena
é o castigo consumado
ou a vitória triste da melancolia
Só a aceitamos
como dádiva perfumada aos outros
em gestos carimbados de consolação
Queremos, depois, a recompensa,
sólida oferenda de parcos restos,
afago de dissabores descobertos
À maneira de Deus
inventamo-nos magnânimes
mas só o tempo nos cura
do desconforto do crédito.
é o castigo consumado
ou a vitória triste da melancolia
Só a aceitamos
como dádiva perfumada aos outros
em gestos carimbados de consolação
Queremos, depois, a recompensa,
sólida oferenda de parcos restos,
afago de dissabores descobertos
À maneira de Deus
inventamo-nos magnânimes
mas só o tempo nos cura
do desconforto do crédito.
sábado à espera
o dia inventa solidões claras:
é a luz de sábado e as crianças
baloiçam nos jardins de cimento
enquanto desperto de um poema
esquecido na noite
que ontem escureceu de cansaço
entre uma cerveja por beber
e os beijos predestinados
congelados até ao Novembro do regresso
dessa Paris inventada só para os amantes,
os que não suplicam a espera
como eu
nesta cidade morta de Mondego
virás com a virgindade que me dedicas
- indiferentemente mentirosa -
como as nuvens que se dissipam
rindo
simulando
o dia das solidões claras.
é a luz de sábado e as crianças
baloiçam nos jardins de cimento
enquanto desperto de um poema
esquecido na noite
que ontem escureceu de cansaço
entre uma cerveja por beber
e os beijos predestinados
congelados até ao Novembro do regresso
dessa Paris inventada só para os amantes,
os que não suplicam a espera
como eu
nesta cidade morta de Mondego
virás com a virgindade que me dedicas
- indiferentemente mentirosa -
como as nuvens que se dissipam
rindo
simulando
o dia das solidões claras.
10.29.2009
hábitos antigos
não fora jovem e pedia um inverno, servido a correr. só para me deixar em casa a ver os pingos. da janela e nas letras.
teimoso
e continua no gozo, este céu (venturoso) que se finge maio ou mais além. um fim de regras ao alcance das bruxas e pronto a fazer caretas ao santo das castanhas.
10.25.2009
outubro
é um mês a finar-se do modo mais insano. incapaz de abafar por completo o frio de se afirmar um ente novo, mas sem suficiência para se dizer o que sempre havia sido.
outono
o tempo, esse deu agora em lançar um aviso aos ossos. ainda suave, mas certo da irreversibilidade dos dias. castigador do deleite a que se prestaram os utentes de um verão tão desconforme aos hábitos, tão prolongado de desejos.
9.23.2009
9.19.2009
regresso às aulas
a campainha percute-se rouca, com o corpo insuflado dos suores do verão. e desculpa o atraso do recomeço, tempo de comparar as memórias dos castelos de areia e do azul do mar.
fim de verão
os teus olhos, e é setembro, carregam mais a melancolia de um verão por decidir. o terno dizer adeus dá-te a cor da despedida que sempre parece prematura. temente da ausência e da incerteza do regresso breve.
9.18.2009
no escasso período
de uma antiga sanidade
faleço as loucuras teimadas por ti
e arregalo o mundo
como dádiva de luz e sol;
como se pudesse
albergar de novo a respiração
suave da diligência.
trazemos o sinal da demora
nos corpos ainda por gastar,
ciência de imperfeição
e impaciência,
que todos os dias
tomba à guarda da noite.
de uma antiga sanidade
faleço as loucuras teimadas por ti
e arregalo o mundo
como dádiva de luz e sol;
como se pudesse
albergar de novo a respiração
suave da diligência.
trazemos o sinal da demora
nos corpos ainda por gastar,
ciência de imperfeição
e impaciência,
que todos os dias
tomba à guarda da noite.
9.01.2009
aqui, nesse lugar de pequenino
é aqui que aqui regresso
submergido do tempo parado
com que desenovelei as primaveras.
é aqui que reponho eras
no granito onde correm os berlindes
(abafa, abafa…)
e retrocedo o bastante
que deixa ver uma cidade
no côncavo da mão.
é aqui que já não choro
o arrepio de perder ao mata
(esconde, salta…)
secadas as lágrimas
ao sal de trinta anos;
é aqui…
submergido do tempo parado
com que desenovelei as primaveras.
é aqui que reponho eras
no granito onde correm os berlindes
(abafa, abafa…)
e retrocedo o bastante
que deixa ver uma cidade
no côncavo da mão.
é aqui que já não choro
o arrepio de perder ao mata
(esconde, salta…)
secadas as lágrimas
ao sal de trinta anos;
é aqui…
8.27.2009
Vidas....
I
e a verdade caiu alí por inteiro. inopinada.
desesperada. como um bátega.
distrairam-se dos relógios
a confundir o sono da tarde
e voltaram a olhar os relógios.
cada qual.
no passeio contrário apressou-me
um homem que levava uma encomenta
a embriagarem-lhe as pernas
as que subiam escadas
há oitenta anos.
olhou-os sem admiração
e a encomenda
vacilou dois percalços
entre a montra de langerie
e o sapateiro gordo
sonolento
a divagar contra umas gáspeas.
uma criança assobiou
um trinado pimba.
e os homens acabaram por dispersar
sem um aceno de adeus.
II
na ocasião
cada qual podia dizer o que entendesse
e aos mais castos
era permitido ficarem absortos
sem contribuírem para os desacertos
com que cada outro
dialogava o vento inesperado
o sol dos costumes
e a maria do fundo de vila.
que apostavam grávida.
que garantiam acertar não saber de quem.
III
era o tempo antigo.
a desculpa que os permitia
os arreigados hábitos
o desdém de alterar.
gastavam os caminhos
na teimosia da insistência.
e até as palavras de aceno
eram o silêncio do falso toque
que sugestionava
um soluço do chapéu.
e a verdade caiu alí por inteiro. inopinada.
desesperada. como um bátega.
distrairam-se dos relógios
a confundir o sono da tarde
e voltaram a olhar os relógios.
cada qual.
no passeio contrário apressou-me
um homem que levava uma encomenta
a embriagarem-lhe as pernas
as que subiam escadas
há oitenta anos.
olhou-os sem admiração
e a encomenda
vacilou dois percalços
entre a montra de langerie
e o sapateiro gordo
sonolento
a divagar contra umas gáspeas.
uma criança assobiou
um trinado pimba.
e os homens acabaram por dispersar
sem um aceno de adeus.
II
na ocasião
cada qual podia dizer o que entendesse
e aos mais castos
era permitido ficarem absortos
sem contribuírem para os desacertos
com que cada outro
dialogava o vento inesperado
o sol dos costumes
e a maria do fundo de vila.
que apostavam grávida.
que garantiam acertar não saber de quem.
III
era o tempo antigo.
a desculpa que os permitia
os arreigados hábitos
o desdém de alterar.
gastavam os caminhos
na teimosia da insistência.
e até as palavras de aceno
eram o silêncio do falso toque
que sugestionava
um soluço do chapéu.
Nocturno
Gostava de dizer-te, madrugada
ao nascer do ouvido, se consente
que sou da noite, erva decepada
e só assim me tomo por valente
Não acredito no Sol, tão inebriado
que ofusca solidão a todo o tempo
prefiro é um gesto gasto e parado
fico melhor no Novembro cinzento
Gosto de andar no escuro, errante
e se brilho aí houver que seja eu
a sonhar que cavalgo o rucinante
e se o Sol quiser, venha ser meu.
ao nascer do ouvido, se consente
que sou da noite, erva decepada
e só assim me tomo por valente
Não acredito no Sol, tão inebriado
que ofusca solidão a todo o tempo
prefiro é um gesto gasto e parado
fico melhor no Novembro cinzento
Gosto de andar no escuro, errante
e se brilho aí houver que seja eu
a sonhar que cavalgo o rucinante
e se o Sol quiser, venha ser meu.
a revolta das coisas
sou um relógio.
daqueles de cuco preto
e um rancho bávaro
a guinchar as horas.
há um menino
de calções repuxados pelos guindastes dos suspensórios
que se esconde da mãe
e me volteia o pêndulo
até à exaustão dos bávaros.
o cuco já não pode com ele
e
qualquer dia
- está combinado -
vamos estatelar-nos naquele cabelo loiro de tigela.
a mãe dirá que é acidente
o garoto vai amargar três pensos
e redondos de mercúrio.
o deus dos relógios, o dos cucos, o dos ranchos,
tal como o deles,
perdoarão esta legítima defesa.
daqueles de cuco preto
e um rancho bávaro
a guinchar as horas.
há um menino
de calções repuxados pelos guindastes dos suspensórios
que se esconde da mãe
e me volteia o pêndulo
até à exaustão dos bávaros.
o cuco já não pode com ele
e
qualquer dia
- está combinado -
vamos estatelar-nos naquele cabelo loiro de tigela.
a mãe dirá que é acidente
o garoto vai amargar três pensos
e redondos de mercúrio.
o deus dos relógios, o dos cucos, o dos ranchos,
tal como o deles,
perdoarão esta legítima defesa.
regressos
No instante perdido
entre o desacerto e a vontade de voltar a ver
quedei. encontrei no teu horizonte
misturas de insatisfação antiga
(de tanto desejo por cumprir)
e de diferentes alegrias de crença
(de tantas vontades começadas)
e sempre o singelo brilho
que confunde o sentimento íntimo.
Deixei de te ver
quando o horizonte e o mar
desenharam
uma amálgama de cores
e a confusão da vista
se refez na da respiração compassada
com que
deixava o tempo partir
em fim de tarde.
pouco esperançado
(mas ansioso)
do teu
- eventual -
regresso
em mistura de escuro
brilhando como as estrelas.
entre o desacerto e a vontade de voltar a ver
quedei. encontrei no teu horizonte
misturas de insatisfação antiga
(de tanto desejo por cumprir)
e de diferentes alegrias de crença
(de tantas vontades começadas)
e sempre o singelo brilho
que confunde o sentimento íntimo.
Deixei de te ver
quando o horizonte e o mar
desenharam
uma amálgama de cores
e a confusão da vista
se refez na da respiração compassada
com que
deixava o tempo partir
em fim de tarde.
pouco esperançado
(mas ansioso)
do teu
- eventual -
regresso
em mistura de escuro
brilhando como as estrelas.
8.26.2009
à espera das flores
deitei-me em cima do silêncio
à espera do teu grito.
a cidade desocupa-se dos meus tormentos.
o relógio diz oito e dezoito
e eu via uma gaivota
a recolher as preces.
é noite, ainda:
enquanto o sol engole as ruas
reinvento o tempo
em lágrimas repetidas.
como se fosse sempre uma primeira vez
levanto-me trôpego
e visto à pressa a camisa de desânimos
e calço este poema triste
e a gravata - como outrora - melancólica.
mais logo
à noite
trarei flores de cheiro leve e
mesmo que breve
repito a tua espera.
à espera do teu grito.
a cidade desocupa-se dos meus tormentos.
o relógio diz oito e dezoito
e eu via uma gaivota
a recolher as preces.
é noite, ainda:
enquanto o sol engole as ruas
reinvento o tempo
em lágrimas repetidas.
como se fosse sempre uma primeira vez
levanto-me trôpego
e visto à pressa a camisa de desânimos
e calço este poema triste
e a gravata - como outrora - melancólica.
mais logo
à noite
trarei flores de cheiro leve e
mesmo que breve
repito a tua espera.
8.23.2009
8.13.2009
milimetrica mente
milimetricamente
desenho os teus dedos com a minha mão
rezo aos medos
e deito-me a imaginar a cor do adeus;
depois (sem qualquer razão)
vejo que já não são os teus
e espero que a manhã venha inquieta,
que vista papoilas onde deixei as rosas
e que todas as letras das prosas
se desfaçam no poema que esqueci
bem diferente de ti
eu penso ainda amar o esquecimento
corto então as mãos do meu desenho
dedo a dedo, medo a medo
sem saber se são as tuas ou as minhas
não me amanho,
estou farto de adivinhas,
e as palavras que misturo neste verso
são todas falsas sem o teu regresso
resta que a cama sonhe em meu lugar
um terraço de sereias cor da sorte;
junto ao mar
desfaço sempre a meias
meia morte
e fico mais à espera, agora que a noite se revolte
e não aceite palavras que não murchem
não quero nada maior que a memória
(13.08.2009)
desenho os teus dedos com a minha mão
rezo aos medos
e deito-me a imaginar a cor do adeus;
depois (sem qualquer razão)
vejo que já não são os teus
e espero que a manhã venha inquieta,
que vista papoilas onde deixei as rosas
e que todas as letras das prosas
se desfaçam no poema que esqueci
bem diferente de ti
eu penso ainda amar o esquecimento
corto então as mãos do meu desenho
dedo a dedo, medo a medo
sem saber se são as tuas ou as minhas
não me amanho,
estou farto de adivinhas,
e as palavras que misturo neste verso
são todas falsas sem o teu regresso
resta que a cama sonhe em meu lugar
um terraço de sereias cor da sorte;
junto ao mar
desfaço sempre a meias
meia morte
e fico mais à espera, agora que a noite se revolte
e não aceite palavras que não murchem
não quero nada maior que a memória
(13.08.2009)
8.12.2009
coisas que são próprias da lua
7.29.2009
7.27.2009
mais a sério
selo-te uma carta em tons de pérola e ponho lá dentro um ramo de corações irrequietos. assim que abrires obrigam-te a rir e mais facilmente dirás que sim.
voltando aos tempos
falávamos no cochicho das janelas, entre os alpendres da vigilância e prometíamos futuros o tempo todo. nem a chuva nos arreda da comunicação, como os ossos hoje bem sabem.
cibertempos
queria mandar-te uma mensagem nas ciberondas. mas dizem que isso é só para os primeiros. tempos estes...
7.26.2009
7.25.2009
7.23.2009
um azar nunca chega sozinho
a chave era da outra semana. confirmou-se depois de do chefe ter ido àquela parte. ele respondeu à letra.
certeza
um dia, era uma segunda-feita tão cinzenta como as anteriores, o signo informou que jorraria dinheiro, ainda que com ligeiro prejuízo para o amor. tínhamos o bastante. corremos a ver a chave e, um a um, os números ditavam riqueza. dormimos como santos, até à hora do telefone gritar do emprego.
horóscopo
às vezes era segunda-feira e corríamos atrás de uma crença que nos resolvesse a semana. o jornal de ontem, deixado a meio na mesa da cozinha era o redentor dos distraídos. apressávamos a leitura do horóscopo, insuflados da esperança de haver muita sorte ao jogo. o totoloto estava por corrigir e talvez pudéssemos adormecer o dia todo. ricos.
naqueles tempos
aos domingos o sol escusava-se com outros afazeres, e tardava a chegada. deixávamos que a cama servisse de banquete, e esperávamos tardias cócegas nas persianas. nem a hora da missa, na televisão a duas cores, nos desatordoava dos sonhos. braços enfeitados nos outros e um sorriso que, de propósito, esquecia a semana vindoira.
7.21.2009
7.19.2009
7.18.2009
E é o que é...
O amor é um fogo-fátuo
que se encanta no engano da luz,
e propõe entendimentos inábeis
só pelo preliminar da proposta;
tal como na queda
das pétalas,
ou dos graves,
u
m
a
a
u
m
a
consomem-se as intenções
antes do apego
e nenhum caule conquista
o eterno sabor dos dias.
que se encanta no engano da luz,
e propõe entendimentos inábeis
só pelo preliminar da proposta;
tal como na queda
das pétalas,
ou dos graves,
u
m
a
a
u
m
a
consomem-se as intenções
antes do apego
e nenhum caule conquista
o eterno sabor dos dias.
Vazios...
Uma casa vazia espera o meu regresso d'armas,
trago os despojos com que reivindiquei a vida,
e a recordação eterna da solidão
acompanha os meus passos cansados.
Se ainda me abrisses a porta,
se deixasses solto o trinco de então,
abraçaria as nuvens mais distantes
(nos instantes)
que precedem o beijo da chegada...
trago os despojos com que reivindiquei a vida,
e a recordação eterna da solidão
acompanha os meus passos cansados.
Se ainda me abrisses a porta,
se deixasses solto o trinco de então,
abraçaria as nuvens mais distantes
(nos instantes)
que precedem o beijo da chegada...
7.13.2009
7.12.2009
Ignorância
não sei atravessar sozinho o rio
não sei abarcar um novo desafio
não sei gritar um poema de voz
quando os dois juntos somos sós
não sei do teu olhar a cor
perdi da memória o valor
só sei ser triste ver escuro a ausência
e não ter versos nem arte a tal ciência
(9.05.2009)
não sei abarcar um novo desafio
não sei gritar um poema de voz
quando os dois juntos somos sós
não sei do teu olhar a cor
perdi da memória o valor
só sei ser triste ver escuro a ausência
e não ter versos nem arte a tal ciência
(9.05.2009)
Querendo crer
Deixei de crer no assobio dos búzios,
os que antes me ditavam o aconchego,
enrolados na ternura andaluz
de uns olhos da cor do medo.
Perdi a fortuna no débito da espera
e os cabelos brancos
pintaram-me o coração de passado.
Era falsa a história
- é o que digo aos búzios (agora);
mas choro mais
por ter de lhes confessar.
fora o meu ouvido sedento
que a aldrabou.
(25.05.2009)
os que antes me ditavam o aconchego,
enrolados na ternura andaluz
de uns olhos da cor do medo.
Perdi a fortuna no débito da espera
e os cabelos brancos
pintaram-me o coração de passado.
Era falsa a história
- é o que digo aos búzios (agora);
mas choro mais
por ter de lhes confessar.
fora o meu ouvido sedento
que a aldrabou.
(25.05.2009)
7.11.2009
7.05.2009
De manhã, dez mil anos depois
De manhã,
saíamos antes das ervas bocejarem o orvalho
e percorríamos o caminho intransponível
do nosso olhar cruzado.
O amor é, o amor é...
- dizias que ouvias as papoilas
e eu teimava todas as hipóteses
que se podem pendurar no sim e não dos málmequeres.
O azul do meio-dia
ria-se dos nossos pés cansados.
E nós riamos do riso do azul.
Não dávamos conta que já era outro dia,
uma outra era,
um tempo passado
que voltará a escutar-nos
daqui a dez mil anos.
(27.04.2009)
saíamos antes das ervas bocejarem o orvalho
e percorríamos o caminho intransponível
do nosso olhar cruzado.
O amor é, o amor é...
- dizias que ouvias as papoilas
e eu teimava todas as hipóteses
que se podem pendurar no sim e não dos málmequeres.
O azul do meio-dia
ria-se dos nossos pés cansados.
E nós riamos do riso do azul.
Não dávamos conta que já era outro dia,
uma outra era,
um tempo passado
que voltará a escutar-nos
daqui a dez mil anos.
(27.04.2009)
Fios...
poderia ter escrito o que
nem sei de ti,
apenas autorizando as veias
a arrastar-se no sangue emprestado
à morte
suspensa entre o primeiro e o teu último choro.
frutos da ausência,
às vezes somos espaços cruzados
nas almas de espanto;
sacramentos de manhãs nascituras,
eterno fio de desejo
que nunca rompe,
nem nunca enovelará.
(27.04.2009)
nem sei de ti,
apenas autorizando as veias
a arrastar-se no sangue emprestado
à morte
suspensa entre o primeiro e o teu último choro.
frutos da ausência,
às vezes somos espaços cruzados
nas almas de espanto;
sacramentos de manhãs nascituras,
eterno fio de desejo
que nunca rompe,
nem nunca enovelará.
(27.04.2009)
Tempo...
olho o espelho e pergunto-me
se sou eu o embalado
naqueles rebordos oxidados da vida.
uma ruga compete
com um lenho do reflexo
e o nariz retorce-se
num movimento cómico.
há trinta anos
o espelho dizia loucuras de rapaz
e brilhava em
cada sábado de febre
com a palavra eternidade
a segurar-se dos bagos cristalinos
da água sobrada do banho.
a toalha branca
encolheu uma geração
e viu partir tantos outros, eternos.
o perfume tem um nome mentiroso
como o é toda a revoltada ousadia.
um dia
talvez o espelho sobre
para me contar os traços
mas não sei quais.
(29.04.2009)
se sou eu o embalado
naqueles rebordos oxidados da vida.
uma ruga compete
com um lenho do reflexo
e o nariz retorce-se
num movimento cómico.
há trinta anos
o espelho dizia loucuras de rapaz
e brilhava em
cada sábado de febre
com a palavra eternidade
a segurar-se dos bagos cristalinos
da água sobrada do banho.
a toalha branca
encolheu uma geração
e viu partir tantos outros, eternos.
o perfume tem um nome mentiroso
como o é toda a revoltada ousadia.
um dia
talvez o espelho sobre
para me contar os traços
mas não sei quais.
(29.04.2009)
6.30.2009
6.25.2009
6.23.2009
Só de passagem, sem reparares
Talvez um dia possas
ler este trilho de sopro
que deixa letras fingidas
onde inventaras esquecimento.
Até o impossível é mortal,
mesmo temporário.
E chorarás sem lágrimas
o castigo
de não teres aberto os olhos
ao meu regresso.
ler este trilho de sopro
que deixa letras fingidas
onde inventaras esquecimento.
Até o impossível é mortal,
mesmo temporário.
E chorarás sem lágrimas
o castigo
de não teres aberto os olhos
ao meu regresso.
6.21.2009
21 de Junho
choravam as estrelas, sabendo que o dia era longo, tão longo que ficou a ser o mais comprido. cheias da luz que lhes apaga a própria, resolveram rumar a sul.
6.19.2009
6.16.2009
6.14.2009
Sabíamos que a manhã viria
mas preferimos permanecer de olhos presos
com o peito enrolado
deixando que o mar respire
as nossas canções antigas.
Um pescador
empurra o branco côncavo
largando um rasgo
no cinzento marinho.
Uma temerária lula
canta canções de amor
e entra na rede.
Ninguém dirá
que morreu de paixão,
tal como nós vivemos.
mas preferimos permanecer de olhos presos
com o peito enrolado
deixando que o mar respire
as nossas canções antigas.
Um pescador
empurra o branco côncavo
largando um rasgo
no cinzento marinho.
Uma temerária lula
canta canções de amor
e entra na rede.
Ninguém dirá
que morreu de paixão,
tal como nós vivemos.
6.13.2009
retorno, eterno retorno
Deixávamos na areia os calcanhares corrompidos
do alcatrão da cidade
e as ondas vinham em formação
esfregar o amarelo com bolhas de espuma
até se diluir por completo
o desperdício com que
oleávamos as canseiras dos dias.
Olhavas-me no repouso das horas
respirando plenitude a compasso
sem uma palavra
sem um gesto a mais.
Ao fim da tarde deixavas
os lábios nos meus,
as gaivotas grasnavam inveja
e eu dizia ao mar que voltaria.
Séculos depois, regresso
condenado à lembrança
que confunde as cores
que imagina os sons
que se perde
no horizonte do retorno.
O azul cheira-me a verde-cinzento,
a manhã teima em não se levantar
e, de encontro ao vento,
encontro um búzio
a chilrear amores.
Corro dele,
sei que guardou a nossa história
e o vento não consente
essa memória.
do alcatrão da cidade
e as ondas vinham em formação
esfregar o amarelo com bolhas de espuma
até se diluir por completo
o desperdício com que
oleávamos as canseiras dos dias.
Olhavas-me no repouso das horas
respirando plenitude a compasso
sem uma palavra
sem um gesto a mais.
Ao fim da tarde deixavas
os lábios nos meus,
as gaivotas grasnavam inveja
e eu dizia ao mar que voltaria.
Séculos depois, regresso
condenado à lembrança
que confunde as cores
que imagina os sons
que se perde
no horizonte do retorno.
O azul cheira-me a verde-cinzento,
a manhã teima em não se levantar
e, de encontro ao vento,
encontro um búzio
a chilrear amores.
Corro dele,
sei que guardou a nossa história
e o vento não consente
essa memória.
6.07.2009
fingido choroso
e de que vale acrescentar palavras a este tempo, mestre de insinuações, que lança risos solarengos na semana de trabalho e depois, como um pecador arrependido, chora angústias pelo domingo fora
6.03.2009
Na admiração do escuro
Não digas nada, agora:
o sol está a despedir-se
e usa o seu rito pessoal;
com o calor do dia
podes libertar ânsias
a que não correspondo.
Deixa que a noite tropece nos seus laços
e nos enleie de sentimentos;
dos mais pretéritos
aos mais presentes;
vai convidar-nos a espreitar a lua,
entre um beijo consentido
e outros gestos
perdidos na admiração do escuro.
(21.02.2009)
o sol está a despedir-se
e usa o seu rito pessoal;
com o calor do dia
podes libertar ânsias
a que não correspondo.
Deixa que a noite tropece nos seus laços
e nos enleie de sentimentos;
dos mais pretéritos
aos mais presentes;
vai convidar-nos a espreitar a lua,
entre um beijo consentido
e outros gestos
perdidos na admiração do escuro.
(21.02.2009)
5.31.2009
conjugação verbal
olho o sol no pique do dia
e rogo ideias, palavras, cores
quero gritar os meus amores:
silabas inteiras, e fantasia.
não suo ao sol. só os calores
com que traço e escrevo poesia
são lembrança do teu cristalino olhar
forma recatada de conjugar o verbo ____ .
(17.05.2009)
e rogo ideias, palavras, cores
quero gritar os meus amores:
silabas inteiras, e fantasia.
não suo ao sol. só os calores
com que traço e escrevo poesia
são lembrança do teu cristalino olhar
forma recatada de conjugar o verbo ____ .
(17.05.2009)
as tuas mãos são céu
as tuas mãos são a flor
que deixa no solitário a ideia do ramo
talvez nem seja amor
mas é sol por inteiro, todo o ano.
as tuas mãos rasgam-me o corpo
e eu, absorto
entrego-me por inteiro ao desleixo
de calar o que te deixo.
vamos
(anos e anos)
respirar o eterno dos dias
(tristezas, alegrias...)
tu e eu
somos o mundo todo
(a seu modo...)
somos céu.
(17.05.2009)
que deixa no solitário a ideia do ramo
talvez nem seja amor
mas é sol por inteiro, todo o ano.
as tuas mãos rasgam-me o corpo
e eu, absorto
entrego-me por inteiro ao desleixo
de calar o que te deixo.
vamos
(anos e anos)
respirar o eterno dos dias
(tristezas, alegrias...)
tu e eu
somos o mundo todo
(a seu modo...)
somos céu.
(17.05.2009)
5.30.2009
5.20.2009
voando
o meu rumo é tão incerto como a certeza do infinito
e levo as palavras que vós abandonastes
no sortilégio das ondas.
só porque vos recusais ao vento,
o meu insano grito é escuro silêncio
nos ouvidos pecadores.
o meu destino não é, salvo
o ter sido
e aparto-me das admirações conservadoras
com que quereis repristinar o antigo.
gasto os últimos alicerces
para burilar plumas de Ícaro
e poder ver-vos,
na trôpega glória do mundano,
desde os guindastes das pontes.
sei não chegar mais alto
que os badalos dos sinos,
preso nas recordações
que me carregam o fardo.
quem dera ser leve!
voar
e só lançar a mão
aos que nunca me conquistaram.
e levo as palavras que vós abandonastes
no sortilégio das ondas.
só porque vos recusais ao vento,
o meu insano grito é escuro silêncio
nos ouvidos pecadores.
o meu destino não é, salvo
o ter sido
e aparto-me das admirações conservadoras
com que quereis repristinar o antigo.
gasto os últimos alicerces
para burilar plumas de Ícaro
e poder ver-vos,
na trôpega glória do mundano,
desde os guindastes das pontes.
sei não chegar mais alto
que os badalos dos sinos,
preso nas recordações
que me carregam o fardo.
quem dera ser leve!
voar
e só lançar a mão
aos que nunca me conquistaram.
5.17.2009
alegrias findas, antes de renovadas
o dia. golo a golo, lentamente, lá se foi a alegria
na garrafa. vou telefonar e vou anunciar
que há mais pró ano. a vida não tem engano.
5.16.2009
posso (mas com as palavras)
com as palavras pinto um universo infinito
e no poema posso sonhar-te inteira em azul
porque invento a realidade toda
(tão real como a restante);
mudo a posição do sol
ou desta cadeira de madeira;
mudo o teu olhar
- já de si tão belo –
e acrescento-lhe o meu. eu sou
o rei dos meus ditongos
o astro do meu verso
E NENHUM MILHÃO ME OBRIGARÁ
a inventar um som ainda mais bonito. posso
escrever o escuro com tinta luminosa
(poesia ou prosa)
e soletrar todo de amarelo
o ar triste do choro que te invento. olha
que posso dizer para não olhares
e com uma mentira tão verdadeira
como uma real falsa aparência
simular que te estou a dizer não.
posso pontuar a tua vida inteira
com vírgulas às carradas,
das que me ordenaram a pausa. paradas. e
exclamo
- assim o querendo –
que nunca serás a mesma
como nunca deixaste de ser.
com esta tinta até posso
dizer que perdi o poder,
dizer que já não sei escrever.
e no poema posso sonhar-te inteira em azul
porque invento a realidade toda
(tão real como a restante);
mudo a posição do sol
ou desta cadeira de madeira;
mudo o teu olhar
- já de si tão belo –
e acrescento-lhe o meu. eu sou
o rei dos meus ditongos
o astro do meu verso
E NENHUM MILHÃO ME OBRIGARÁ
a inventar um som ainda mais bonito. posso
escrever o escuro com tinta luminosa
(poesia ou prosa)
e soletrar todo de amarelo
o ar triste do choro que te invento. olha
que posso dizer para não olhares
e com uma mentira tão verdadeira
como uma real falsa aparência
simular que te estou a dizer não.
posso pontuar a tua vida inteira
com vírgulas às carradas,
das que me ordenaram a pausa. paradas. e
exclamo
- assim o querendo –
que nunca serás a mesma
como nunca deixaste de ser.
com esta tinta até posso
dizer que perdi o poder,
dizer que já não sei escrever.
5.15.2009
5.11.2009
superioridade teimosa
deito-me. ao som de uma melodia gasta, que os condóminos, só porque num piso mais cimeiro, teimam em galinhar pelos espaços comuns, entrando até nos meus sossegos. sempre com essa vã ideia da superioridade das escadas e da glória do clássico. teimosos.
5.10.2009
5.08.2009
5.05.2009
sonhos de primavera
vou-me deitar numa janela fresca. tão fresca de só sonhada. acordarei resfriado, de tanto sonhar.
5.04.2009
5.02.2009
4.26.2009
4.22.2009
4.18.2009
4.16.2009
4.13.2009
4.12.2009
por castigo
vou-me deitar à sombra da tua espera. enquanto assim, passam em redor gritos de pássaros e alheio-me do mundo. só pelo castigo que lhe deixo.
4.10.2009
Quando se tomba
olhei o céu num gesto involuntário
quando uma estrela tombava do seu ritmo
e o teu olhar
recuperou-me o pensamento
onde imaginava cavalos alados
em trajectórias de circo. Vinte
anos são dois instantes
e gastei-os inteiros
a descobrir o som do infinito.
o teu rosto calou-se,
o teu olhar caiu
o teu sorriso perdeu-se
atrás de uma boca vermelha. Vinte
dias chorei sem lágrimas
a ausência de contrastes,
do atrito onde pude perder a mão,
e tu calaste-me o peito. O
infinito era só não ter medo
que os dedos se desentrelaçassem
à passagem de uma nuvem carregada. A
fé é um percalço intemporal. Como
um qualquer outro.
(29.03.2009)
quando uma estrela tombava do seu ritmo
e o teu olhar
recuperou-me o pensamento
onde imaginava cavalos alados
em trajectórias de circo. Vinte
anos são dois instantes
e gastei-os inteiros
a descobrir o som do infinito.
o teu rosto calou-se,
o teu olhar caiu
o teu sorriso perdeu-se
atrás de uma boca vermelha. Vinte
dias chorei sem lágrimas
a ausência de contrastes,
do atrito onde pude perder a mão,
e tu calaste-me o peito. O
infinito era só não ter medo
que os dedos se desentrelaçassem
à passagem de uma nuvem carregada. A
fé é um percalço intemporal. Como
um qualquer outro.
(29.03.2009)
4.07.2009
3.21.2009
dia da poesia
guardo só a lembrança do olhar lavado. aí, onde as palavras não podiam inventar sonhos novos. as palavras ficam entregues à grandeza dos poetas, esses que têm um dia à dimensão do mundo. resta-nos o beijo que ficou por dar e o silêncio fala-nos desejos incumpridos. intensos.
3.11.2009
3.09.2009
3.05.2009
2.26.2009
mas que...
escondidos nos umbrais dos sonhos,
gritar à nossa abafada melancolia
as sirenes gastas dos regulamentos
2.22.2009
nos ramos de teus abraços
"a cegueira é andar por uma terra que só eu conheço"
podendo enlera-me nos ramos
dos teus abraços,
que os repiso de memória. o
teu rosto continua a ser
o rio onde banho
as mãos e as saudades,
onde refresco da canícula
que a tua ausência me deserta.
barro é um ente solidário,
quando pergunto o teu nome,
e, se mais não pode,
deixa que reformule
os teus lábios mansos
e que o resto do teu corpo
acompanhe
os contornos do mundo.
(19.02)
A frase inicial é de Rui Nunes,
Que sinos dobram por aqueles que morrem como gado
podendo enlera-me nos ramos
dos teus abraços,
que os repiso de memória. o
teu rosto continua a ser
o rio onde banho
as mãos e as saudades,
onde refresco da canícula
que a tua ausência me deserta.
barro é um ente solidário,
quando pergunto o teu nome,
e, se mais não pode,
deixa que reformule
os teus lábios mansos
e que o resto do teu corpo
acompanhe
os contornos do mundo.
(19.02)
A frase inicial é de Rui Nunes,
Que sinos dobram por aqueles que morrem como gado
2.21.2009
sê, ao menos
Sê, ao menos, hostil,
que a brandura inquieta.
E não me permito continuar
devassado na tua rectitude.
Grita -
só para mim -
algum desassombro
que me derrube por inteiro;
não quero ficar
a meio-caminho do fim.
(19.02)
que a brandura inquieta.
E não me permito continuar
devassado na tua rectitude.
Grita -
só para mim -
algum desassombro
que me derrube por inteiro;
não quero ficar
a meio-caminho do fim.
(19.02)
deixa em branco
deixa em branco a cópia
dos compromissos que te lavrei.
também eu suplico
uma transparência
que me recupere o gesto
de abarcar o mundo,
como nos pretéritos das searas,
contra os espantalhos
que nos corrompem
promessas do para-sempre.
(19.02)
dos compromissos que te lavrei.
também eu suplico
uma transparência
que me recupere o gesto
de abarcar o mundo,
como nos pretéritos das searas,
contra os espantalhos
que nos corrompem
promessas do para-sempre.
(19.02)
2.14.2009
2.08.2009
2.06.2009
entre vista
sei que nenhuma palavra acabou por ser dita. fomos olhando um no outro e nada havia a dizer entre o que víamos.
2.03.2009
mentiras de inverno
caia um sol a pique e toda a cidade se abrasava no bafo tórrido que se esplanava ao longo dos cafés. homens e mulheres sacudiam-se, e repudiavam os gelados constantes que os mais pequenos exigiam. um calor assim parecia mais que desusado.
2.02.2009
resta uma hipótese
tombo a cabeça de encontro
ao algodão perfumado
onde tinhas deixado
os traços loiros do teu cabelo.
procuro o odor do mar
(porque te sinto salgada
na escuridão das noites).
virás - ou não - recuperar
os teus sinais.
e basta-me, por tanto,
essa hipótese luminosa,
capaz de vencer o dia
em propósitos de aconchegar.
ao algodão perfumado
onde tinhas deixado
os traços loiros do teu cabelo.
procuro o odor do mar
(porque te sinto salgada
na escuridão das noites).
virás - ou não - recuperar
os teus sinais.
e basta-me, por tanto,
essa hipótese luminosa,
capaz de vencer o dia
em propósitos de aconchegar.
1.30.2009
contradições
nem valia a pena correr, desafio perdido sem esforço. o tempo vinha em sentido contrário e por atalhos que falseavam a idade. valia mais sentar-se, esperando que a juventude deixasse a ousadia da concorrência. mas, como os outros, acabou por se galvanizar, iluminado que o risco da liberdade suplantava o sossego da espera.
1.27.2009
1.25.2009
Vinde
Vinde. Na correria do desejo
e só para vos saberdes
irmã do infinito.
Rasgo as portas
que vos fechavam
e penduro-me
nos umbrais cerimoniosos.
E vos recebo.
Tisnado em sal de castigo,
crestado no mar,
incerto de merecer
a dádiva que é rever
os olhos com que partistes
há eras,
quando os meus choravam
a adivinhação do futuro.
e só para vos saberdes
irmã do infinito.
Rasgo as portas
que vos fechavam
e penduro-me
nos umbrais cerimoniosos.
E vos recebo.
Tisnado em sal de castigo,
crestado no mar,
incerto de merecer
a dádiva que é rever
os olhos com que partistes
há eras,
quando os meus choravam
a adivinhação do futuro.
1.23.2009
1.22.2009
grades desfeitas
entre as grades que a teimosia da chuva ajuda a fortificar tento soletrar a palavra certa. a rouquidão do inverno só uma me consente. nem a dizendo, vejo que as nuvens se dissipam num movimento carinhoso e, ao longe, desenham em flocos o teu nome. era o que eu queria dizer.
1.18.2009
o estranho caso
pensei na ideia de ir enovecendo. claro que não há a palavra. as palavras têm o seu modo de utilidade. contaste-me o filme, história num conto antigo de um escritor maldito. fiquei ciente do pânico. não é o tempo que recua, mas a vida. e isso é bom, mas tem prazo certo. acho que a incerteza é a nossa grande conquista. hoje deu-me para isto.
1.15.2009
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