11.29.2008

verdadeiro

talvez por dever de ofício, enviam-nos agora um novembro verdadeiro. o cinzento pode ter cara triste, mas é ele mesmo.

11.27.2008

memória refeita nas folhas tombadas


Ainda tenho uns flocos de saudade
(envoltos nos farrapos de um
coração teimoso)
e cirzo as lembranças
esfiapadas
nos retalhos do sorriso antigo,
o que me faz das memórias
um arco-íris.
É quinta-feira e choveu ouro
nos restos deste verão indiano,
o que te confunde com a terra.
Gosto dos amarelos,
só para não ter de sonhar
os teus cabelos.

11.22.2008



coisa ingrata

há qualquer coisa de ingrato no novembro. se o outono está pleno, com as folhas já devidamente caídas, só se espera a alegria luminosa do mês que vem. fica uma coisa entre, como nas perguntas de neruda.

11.21.2008

Não, não

Não vou dizer-te as palavras
certas. E isso é uma garantia
absoluta.
Os greges competem no meu
sonhado ânimo
de te encontrar a verdade.

11.20.2008

frio tépido

No frio agudo em que
desgosto o fim da tarde
há uma lembrança muito vaga
do teu sorriso antigo.
O calor não é o mesmo, o Verão
desapareceu sem dar notícias, mas
sempre um consolo fugaz
impede os devaneios de gelo.

11.15.2008


11.12.2008

palavra

tinha inventado uma palavra nova e, com um cuidado de criança, levou-a para a cama, deixando-a junto ao peito. durante o escuro da noite sonhou que um dicionário tinha ultrapassado a barreira do sono e, em desculpa de um acordo ortográfico, lhe sacara a preciosa. acordou sobressaltado. estava igual à véspera, mas não lembrava o som celestial do dia anterior.

11.05.2008

cores americanas

as cores do dia perderem as cores. num fundo azul e vermelho ficaram os pingos do verde que sempre espera. num branco que não era puro, num negro que não era escuro, num afastar do cinzento das nuvens. num amarelo vivo, esse que dá vontade de sorrir.

11.01.2008

novembro

e vem um outro mês. como se posse possível distinguir na mansidão dos dias os contornos do calendário. aceita-mo-lo, sinal dos tempos e da mesma idade que é a do dia seguinte.