7.30.2010

hino de verão

deixa-me explicar-te que o hino
são folhas de plátano no vento
sinos de silêncio pel' aldeias
e uma velha de rugas a ajeitar o lenço
debaixo da rodilha onde repousa
o cântaro de água fresca.

7.19.2010

e agora, que agonizo os dias
na tua saudade
só mesmo por ela
que me lembra o esquecimento.
penhoro-me a promessas
do teu regresso,
invento modos de ter ver
nas formas da escuridão
e angustio os segundos
com que o tempo
se fractura e dilacera
entre os momentos.
(19.07.2010)
e agora, que o sonho se deslumbra
na terra fria, lá onde os pássaros
repousam gravilhas de pasmo
e eu respondo que entendo o mundo
entre o perplexo dum olhar d'areia
e o mar azul, azul de azul e cor
onde repouso os ombros de cansaço
futuro. onde, cada vez onde
intrigo o espaço que
amanhã traz bagatelas de dúvida
e respiração de sossego: canto
outra vez as promessas antigas
Julho e Agosto, mar e lábios
ternuras de provir.
(18.07.2010)

7.01.2010

PAI NOSSO

luz nossa, que roubas da noite
partindo do céu que resplandesces
nome de palavra muda de tempo
temores e vagas onde o escuro cresce
vontade seja a nossa por ser vossa
reino onde o passado não chegou
mão de seara racham o pão
e nas ofensas perdão d'este regresso
irmãos na dádiva dum olhar puro
caídos para mais alto erguer
no futuro agora e antes

(3.06.2010)
AINDA CHEIRAS A NOITE
NA MANHÃ TÃO CLARA
E NAS RANHURAS DO TEU CABELO
A LUZ ENVERGONHA-SE DAS SOMBRAS

(8.06.2010)