12.07.2009

às vezes as coisa têm de ser ditas...

ZANGA DE COTOVELO

(no quarto do hotel, lá ao fundo
entra luz verde dum anúncio de porcelanas
e, de repente, meu coração, todo o meu mundo
começa a ouvir vozes e perceber coisas estranhas

noto umas vozes de surdina, rasteiras
e a seguir uns gritos lânguidos e profundos
cheios de palavras uivadas em modo d'asneiras
e um êxtase vivo, de poucos em poucos segundos)

Prestando atenção, vejo que o som do teu amor ficou
e agora enche o quarto em algazarra, este quarto onde vínhamos

quando éramos amantes (e até antes)
e que agora usaste, estupor
para fazer amor
com um qualquer finório
(penso que é o gajo do escritório)