7.05.2009

De manhã, dez mil anos depois

De manhã,
saíamos antes das ervas bocejarem o orvalho
e percorríamos o caminho intransponível
do nosso olhar cruzado.

O amor é, o amor é...
- dizias que ouvias as papoilas
e eu teimava todas as hipóteses
que se podem pendurar no sim e não dos málmequeres.

O azul do meio-dia
ria-se dos nossos pés cansados.
E nós riamos do riso do azul.

Não dávamos conta que já era outro dia,
uma outra era,
um tempo passado
que voltará a escutar-nos
daqui a dez mil anos.
(27.04.2009)