milimetricamente
desenho os teus dedos com a minha mão
rezo aos medos
e deito-me a imaginar a cor do adeus;
depois (sem qualquer razão)
vejo que já não são os teus
e espero que a manhã venha inquieta,
que vista papoilas onde deixei as rosas
e que todas as letras das prosas
se desfaçam no poema que esqueci
bem diferente de ti
eu penso ainda amar o esquecimento
corto então as mãos do meu desenho
dedo a dedo, medo a medo
sem saber se são as tuas ou as minhas
não me amanho,
estou farto de adivinhas,
e as palavras que misturo neste verso
são todas falsas sem o teu regresso
resta que a cama sonhe em meu lugar
um terraço de sereias cor da sorte;
junto ao mar
desfaço sempre a meias
meia morte
e fico mais à espera, agora que a noite se revolte
e não aceite palavras que não murchem
não quero nada maior que a memória
(13.08.2009)