2.27.2010

antes do silêncio

vinco, no resguardado resguardo do teu segredo, as palavras imortais que sempre anteciparam o silêncio. e, sozinhas, inventaram benefícios à mudez.

elegia

todo o poema, como todos os sonhos, são uma elegia. como se vem a confirmar a cada momento: perde-se, só por instantes, a noção do presente. mas, sabemos todos, que o futuro nunca existiu.

perdido

acho quer perdi o teu poema no lixo do sexto piso, quando troquei os papéis de rascunho pela versão ficheiro. começava assim "o meu coração é um barco".

2.18.2010

Confesso...

Confesso que quando escrevi
o primeiro poema, copiei
os teus olhos. Senti
qu' escrevia o que não sei.

A ruga que ficou com m
(de amor) foi descuido só meu
como o homem do leme,
a trocar o monstro pel'o céu.

(27.04.09)
desvendo o repouso
na magnitude
de uma apropriação nova:
a palavra foi descoberta

e o dia já não cai
a noite não vence
o tempo parou,
parou.

(20.05.09)

Como?


Como havemos de tocar
tão levemente
a mão que teve o propósito
e ateou o fogo:
cândida aurora do provir inacessível.

Penumbra

há sempre uma penumbra de egoísmo
que nos barreira de "deus"; por mais
que o construamos mais próximo.

esse sino tão terreno
que nos repica os caminhos
distraídos do enlevo.

esse tambor que nos chama
aos comprometimentos do mundo.

perdemos (?) o amor no sexo
e este na ofensa
e esta no crime.

de degrau em degrau
baixamos...

como se o eterno fosse estar
aterrados, enterrados, distantes
do ser que nos é próprio.

(8.05.2009)

quem dera...

quem dera ter um nome a dar-te
um fruto que te colhesse,
perdendo sabor o tempo infindo,
sem desgosto d'época.

quem dera pintar as papoilas
da cor do arco-íris.

(8.05.2009)