6.28.2011

ideias

tinha um pensamento gasto. esfiapado até ao lenho das ideias antigas. e não podia usar palavras.

segredos

dizia-lhe que os ouvidos não chegam para filtrar as palavras repetidas. dão valores iguais que acabam em notas medíocres.

noite de verão

o calor vai e vem, tresmalhando entre um vento que se augura sentencioso.

6.22.2011

aniversário

A primeira vez que escrevi o nome
foi com letras de água
no regato onde bebia o tanque
da quinta do avô.

E já decorara letras de escola
quando o renovei
na areia das marés vazas.

Agora gravo-o por dentro
dos muros de granito
onde me cerco nos dias saudosos.

E o que perdura são os gestos
de areia e água, que a memória
é o cimento que enrama as pétalas nas lágrimas.

It's so hard recycle a joyous childhood.

Em dias como este, que acordavam o verão
tão cedo como a luz
subíamos à Serra, a levantar, passo a passo,
a película de neblina
como um cortinado japonês
(e houvesse smartphones, tal qual
como o ecran que se desvenda, o
mesmo dedo que fazia de tinta, a
percorrer a água).

Não há acrescentos que acrescentem:
era só uma lembrança,
como uma carta.

(21.06.2011)