8.26.2009

à espera das flores

deitei-me em cima do silêncio
à espera do teu grito.
a cidade desocupa-se dos meus tormentos.
o relógio diz oito e dezoito
e eu via uma gaivota
a recolher as preces.
é noite, ainda:
enquanto o sol engole as ruas
reinvento o tempo
em lágrimas repetidas.
como se fosse sempre uma primeira vez
levanto-me trôpego
e visto à pressa a camisa de desânimos
e calço este poema triste
e a gravata - como outrora - melancólica.
mais logo
à noite
trarei flores de cheiro leve e
mesmo que breve
repito a tua espera.