7.05.2009

Tempo...

olho o espelho e pergunto-me
se sou eu o embalado
naqueles rebordos oxidados da vida.
uma ruga compete
com um lenho do reflexo
e o nariz retorce-se
num movimento cómico.
há trinta anos
o espelho dizia loucuras de rapaz
e brilhava em
cada sábado de febre
com a palavra eternidade
a segurar-se dos bagos cristalinos
da água sobrada do banho.
a toalha branca
encolheu uma geração
e viu partir tantos outros, eternos.
o perfume tem um nome mentiroso
como o é toda a revoltada ousadia.
um dia
talvez o espelho sobre
para me contar os traços
mas não sei quais.
(29.04.2009)