Deixa que eu beije os teus lábios rotos
ansioso os vejo, carentes como poucos
deste reencontro pintado de vermelho.
Antes de te chegar, treino-me ao espelho
Antecipando receio de me imaginar velho
Os teus são só os meus, que ali emolduro
não vendo mais que meus se teus procuro
mas insisto em treinar-me pró reencontro
acreditando assim que teus não desaponto
Amanhã, muito cedo ainda, partirei
carregando juventude e longo estágio
e esses lábios que aos meus encostarei
são dos do espelho a carne de plágio.
Afinal, é apenas nosso o que expandimos
fingindo e sonhando ser pertença de outro
e tudo isso, nosso e não, ainda repartimos
deixando-nos, a nós, pedaços de tão pouco