5.17.2008

como enfeitar as raparigas

Aborrece-me o som dos que respiram fundo
Como se, duma vez, aspirassem o mundo;
Aborrece-me o riso dos que vendem lotaria
Como se, em pacotes, comprássemos alegria.

É tentador pensar poder ser outro o mundo
Aquecer a Islândia com um simples aceno
E por arte mágica, de condão, num segundo
Regar todo o Saara com as águas do Reno

E fazer com que os homens fossem bons
E as mulheres por igual e muito amigas
Cada qual pintando a vida nos seus tons
Como o poeta gosta d’enfeitar as raparigas.