12.25.2010

Tempestade

o vento vem desgrenhado
em gráficos de tempestade
as ondas galgam em puro-sangue
os obstáculos da praia, rindo-se
em espuma a desdentar.
sento-me à beira, e deixo-me ficar:
um olhar parado
sem idade
estanque
indo-se
estatelar
no horizonte negro,
e nem tenho medo.
oiço, do fundo,
o som de revolta das sereias
e o olhar
profundo
divide a meias
o que resta do frio.
o desfio
é outro, mais humano,
d'aguentar a dor do lenho.
sem pena
largo o poema
e atiro-me ao mar.
há sempre outro modo de cantar
o infinito.
grito
que estou liberto,
mas o mais certo
é fugir.
hei de vir
um dia no fim do tempo
e engolir o vento.

Natal/2010