12.16.2010

epitáfio a um marinheiro desconhecido

as pétalas choraram o resto do teu corpo
que o mar chamou, evaporado ao céu
as árvores do outono deixam cobreados os rios
distribuindo lágrimas desafiando a chuva
que se comprime em desespero nas nuvens

quando chegares ao céu, daqui a nada
os leitos vão regressar ao mar
as pétalas vão refazer as rosas
e os bibes voltam a vestir o sorriso dos miúdos

no entretanto há só o cantar da tempestade
dois mendigos em greve, três olhares perdidos
e o mundo estacado no tempo morto
domingo de luz, norte e leste, oeste
e o sul que sempre chama os desejados

26.10.2010